Grandes Gestos
2015/04/18 13:37
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Visto do Alentejo, de Portugal e mesmo
da Europa, o quotidiano está amorfo, atrofiado. A maioria das boas ideias
morrem na praia da burocracia ou de qualquer Excel mal calibrado. A confiança
no futuro esvai-se e cada vez é mais difícil sonhar (e é o sonho que comanda a
vida).
As pessoas sobrevivem, com as pequenas
grandes alegrias do dia-a-dia e com uma esperança secreta de que alguma coisa
de estrutural mude. Desejam que 41 anos depois de Abril, o nosso País retome o
caminho do progresso, do desenvolvimento e das oportunidades para quem cá
nasceu ou quer viver.
A
verdade é que alguma coisa tem que mudar ou então a panela de pressão explode
numa revolução social de efeitos incalculáveis.
No
marasmo geral todos os dias se vão dando pequenos passos, menos visíveis pela
parafernália de comunicação em que hoje estamos mergulhados. No quadro europeu
têm sido pequenos passos em frente que permitiram voltar a dar alguma liquidez
aos mercado e a animar o consumo e o investimento. No plano nacional têm sido
pequenos passos atrás, que mostram um emprego cada vez mais precário, um
investimento anémico e um modelo económico errado e sem saída.
Sendo defensor de que o caminho se faz
caminhando e que com pequenos passos (quando consistentes e orientados por uma
visão estratégica global) se fazem grandes mudanças, julgo que para a Europa e
para Portugal chegou um tempo em que são precisos grandes gestos.
Foi um grande gesto de Mario Draghi que
salvou o Sul da Europa duma hecatombe financeira em dominó. Foram, noutro
plano, grandes gestos de Obama que fizeram retomar as relações dos EUA com Cuba
ou atingir um acordo Nuclear com o Irão.
Ando pelas ruas do meu País e sinto a
vontade de mudança a borbulhar por todo o lado. As pessoas estão fartas deste
governo, dos solavancos da sua governação e da insensibilidade das medidas que
toma.
Mas sinto também que as pessoas já não
se motivam pelas pequenas quezílias, pelas pequenas diferenças, pela disputa de
décimas, pelo digo eu e dizes tu, pelos debates em torno dum caminho mais ou
menos afastado mas tendencialmente paralelo.
As portuguesas e os portugueses esperam um
grande gesto de mudança. Eu acredito que o PS e a sua equipa serão capazes
desse grande gesto.
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