Verdes

 Temos vindo a assistir por toda a União Europeia ao surgimento de um novo ciclo político, com as dores de parto próprias dos tempos em que vivemos, no decorrer do qual os partidos da esquerda moderada, designadamente os Partidos Socialistas e Social-democratas têm vindo a assumir responsabilidades acrescidas na governação a leste, a oeste, a norte e a sul. Esta ascensão progressiva tem-se consolidado com parcerias diversas, mas em que se destaca um papel  cada vez mais relevante dos designados partidos verdes, como o recente acordo tripartido de governo na Alemanha exemplifica. 

 

Os partidos ecologistas têm conseguido, sem surpresa, mais sucesso nos países mais desenvolvidos do que naqueles que ainda prosseguem prioritariamente a coesão e a convergência, não obstante a agenda da sustentabilidade ser hoje chave para o sucesso de qualquer estratégia de desenvolvimento estrutural.

 

Em Portugal, vários partidos e movimentos procuraram ao longo do tempo explorar esse espaço político. O MPT (Movimento Partido da Terra) foi o que mais se aproximou programaticamente de um Partido com uma narrativa global alternativa verde. O Partido Ecologista “Os Verdes” é por opção própria uma força satélite no contexto da CDU (Coligação Democrática Unitária) e o PAN (Pessoas, Animais, Natureza) como a própria sigla indica tem uma abordagem temática muito atual, mas não oferece uma narrativa e um modelo de governação para a sociedade no seu todo, ao contrário do que fazem os Partidos Verdes que estão na primeira linha dos Governos europeus.

 

Num tempo em que o combate ao aquecimento climático é uma prioridade global, nenhuma corrente política pode deixar de incorporar, usando a sua matriz de valores e princípios, umaperspetiva ecológica nos seus programas. Tal como combatemos a TINA (There Is No Alternative -Não há alternativa) do neoliberalismo, também não podemos aceitar agoracaminhos únicos na forma de assegurar uma sociedade viável e um planeta sustentável.

 

Recentemente, num estimulante debate no grupo político europeu que integro, em que cada interveniente parecia querer parecer mais “verde” que o anterior, recordei que por muito que como socialistas democráticos nos esforçássemos, jamais seriamos reconhecidos como verdes, mas se não fossemos os mais sociais na transição verde, então isso significaria falhar na nossa missão.

 

Verdes teremos que ser todos se quisermos sobreviver com dignidade como espécie. Mas ascores da razão e do coração têm que refletir a multiplicidade das ideias na democracia plural.

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