A Bolha (Sobre o corte do Subsídio de Natal e não só)
2011/07/03 10:47
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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A bolha dos mercados desregulados vai rebentar mais cedo do que tarde. Não é preciso ser Guru nem ter dotes de adivinhação para perceber que a actual situação é insustentável. Mais difícil é prever se a Europa terá o engenho e arte de sobreviver ao rebentar da bolha. A nossa história e a nossa identidade abre-nos as portas para isso, mas os desvarios recentes não podem deixar ninguém descansado.
Portugal tem vindo a ser desde 2008 uma vítima preferencial e um alvo da Bolha. Melhor ou pior fomos resistindo a que ela nos entrasse casa dentro, até que nos idos de Março uma coligação da extrema-esquerda à direita liberal lhe fez um inusitado convite político conjunto para que entrasse, depois sufragado pela maioria dos eleitores. E ela entrou com pompa e circunstância.
Vivemos pois agora com o incómodo acrescido de ter a bolha entre nós. Um incómodo que torna a vida cada vez mais difícil aos portugueses sem que com ele se possa antever a redenção ou qualquer solução racional para os nossos problemas.
Não há discurso ou declaração em que não se diga que somos diferentes da Grécia (e felizmente somos no plano económico e da transparência), mas mais importante do que proclamar que somos diferentes da Grécia é por em prática políticas que nos afastem do caminho que a Grécia foi obrigada a fazer para “chegar” onde chegou.
O Memorando assinado com a Troika é duro, mas tem em aberto formas diferentes de atingir as metas e preocupações como o crescimento necessário para lhe dar resposta (preocupações sobretudo do FMI diga-se em abono da verdade, já que as instituições europeias denotam uma anestesia política preocupante).
O actual governo português prometeu no entanto ir para além do acordo de financiamento e não tardou em por em prática a promessa anunciando um surpreendente corte de 50% do subsídio de natal. Este é uma medida que embora legítima uma vez aprovada pela Assembleia da República está ferida de ética política, porque não constou do programa eleitoral que há menos de um mês foi apresentado aos portugueses.
Mais importante do que isso, no entanto, é o facto de ser uma medida que aponta do sentido errado e segue as pisadas que levaram a Grécia ao descalabro. Menos 800 milhões de Euros de rendimento disponível para as famílias, além do impacto nas condições de vida dessas famílias, terá um impacto recessivo directo de meio ponto percentual no Produto interno Bruto e um muito maior impacto indirecto, com a redução da actividade comercial, do emprego, da cobrança de impostos e doutros efeitos em cadeia próprios das contracções forçadas.
A bolha encheu e bem em Portugal com a apresentação do Programa do Governo. Quanto mais depressa a bolha encher mais depressa a bolha rebenta, mas não havia necessidade de rebentar nas nossas mãos.
Nas mãos do governo, mas sobretudo nas mãos de todos os portugueses, sobretudo dos mais desfavorecidos.
Portugal tem vindo a ser desde 2008 uma vítima preferencial e um alvo da Bolha. Melhor ou pior fomos resistindo a que ela nos entrasse casa dentro, até que nos idos de Março uma coligação da extrema-esquerda à direita liberal lhe fez um inusitado convite político conjunto para que entrasse, depois sufragado pela maioria dos eleitores. E ela entrou com pompa e circunstância.
Vivemos pois agora com o incómodo acrescido de ter a bolha entre nós. Um incómodo que torna a vida cada vez mais difícil aos portugueses sem que com ele se possa antever a redenção ou qualquer solução racional para os nossos problemas.
Não há discurso ou declaração em que não se diga que somos diferentes da Grécia (e felizmente somos no plano económico e da transparência), mas mais importante do que proclamar que somos diferentes da Grécia é por em prática políticas que nos afastem do caminho que a Grécia foi obrigada a fazer para “chegar” onde chegou.
O Memorando assinado com a Troika é duro, mas tem em aberto formas diferentes de atingir as metas e preocupações como o crescimento necessário para lhe dar resposta (preocupações sobretudo do FMI diga-se em abono da verdade, já que as instituições europeias denotam uma anestesia política preocupante).
O actual governo português prometeu no entanto ir para além do acordo de financiamento e não tardou em por em prática a promessa anunciando um surpreendente corte de 50% do subsídio de natal. Este é uma medida que embora legítima uma vez aprovada pela Assembleia da República está ferida de ética política, porque não constou do programa eleitoral que há menos de um mês foi apresentado aos portugueses.
Mais importante do que isso, no entanto, é o facto de ser uma medida que aponta do sentido errado e segue as pisadas que levaram a Grécia ao descalabro. Menos 800 milhões de Euros de rendimento disponível para as famílias, além do impacto nas condições de vida dessas famílias, terá um impacto recessivo directo de meio ponto percentual no Produto interno Bruto e um muito maior impacto indirecto, com a redução da actividade comercial, do emprego, da cobrança de impostos e doutros efeitos em cadeia próprios das contracções forçadas.
A bolha encheu e bem em Portugal com a apresentação do Programa do Governo. Quanto mais depressa a bolha encher mais depressa a bolha rebenta, mas não havia necessidade de rebentar nas nossas mãos.
Nas mãos do governo, mas sobretudo nas mãos de todos os portugueses, sobretudo dos mais desfavorecidos.
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