A CURA FALHOU (é precisa uma nova terapia macroeconómica)
2011/10/01 09:42
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Quando os médicos são conceituados e a doença é persistente, é sempre difícil para todos aceitar que a cura falhou e é preciso mudar de terapêutica. Parece-me contudo mais do que evidente que a cura de austeridade cega aplicada na Grécia, em Portugal e com doses mais aliviadas noutros países europeus falhou e tem que ser rapidamente alterada.
Para além do triste episódio de ocultação ostensiva de dívida na Madeira, que alguns por má fé querem comparar às derrapagens transparentes e justificadas (bem ou mal, isso é do foro político mas não do foro ético ou criminal) que ocorreram no Continente, concluímos que a consolidação orçamental se torna cada vez mais difícil, não pela incapacidade de corte das despesas, mas porque mesmo levando ao extremo a fiscalidade sobre as famílias e as empresas, uma economia deprimida e asfixiada gera cada vez menos receita.
Estamos nas economias capturadas pela troika num processo preocupante de ciclo vicioso em espiral negativa. Para memória futura convêm lembrar que o PS e José Sócrates lutaram até ao fim para não entrar neste redemoinho e para através do PEC IV evitar uma intervenção externa com uma receita de duvidosa eficácia.
Os restantes partidos parlamentares preferiram ao chumbar o PEC IV, a intervenção externa à auto-contenção interna. Os portugueses escolheram depois democraticamente um governo cuja receita é não apenas aceitar acriticamente o receituário da troika, como num comportamento que nem os melhores médicos recomendam, aumentar a dose sempre que possível.
O que passou é passado. Importa olhar para o futuro e é difícil olhar para ele com esperança se não se conseguir perceber que a receita falhou e a cura tem que ser outra. A racionalização da despesa tem que ser forte e inteligente, mas ao mesmo tempo é preciso manter o investimento em áreas económicas fortemente criadoras de riqueza e emprego e dotar as famílias de recursos que dinamizem o consumo interno sem aumento do endividamento.
O doente está hoje por via da cura, mais doente do que quando a iniciou. Mais um motivo para não baixar os braços e exigir a mudança do tratamento. Atingimos um ponto em que ou as pessoas sentem sinais de melhoras ou podem esmorecer no seu empenho e perdidas as pessoas para o combate da recuperação económica perde-se tudo.
Para além do triste episódio de ocultação ostensiva de dívida na Madeira, que alguns por má fé querem comparar às derrapagens transparentes e justificadas (bem ou mal, isso é do foro político mas não do foro ético ou criminal) que ocorreram no Continente, concluímos que a consolidação orçamental se torna cada vez mais difícil, não pela incapacidade de corte das despesas, mas porque mesmo levando ao extremo a fiscalidade sobre as famílias e as empresas, uma economia deprimida e asfixiada gera cada vez menos receita.
Estamos nas economias capturadas pela troika num processo preocupante de ciclo vicioso em espiral negativa. Para memória futura convêm lembrar que o PS e José Sócrates lutaram até ao fim para não entrar neste redemoinho e para através do PEC IV evitar uma intervenção externa com uma receita de duvidosa eficácia.
Os restantes partidos parlamentares preferiram ao chumbar o PEC IV, a intervenção externa à auto-contenção interna. Os portugueses escolheram depois democraticamente um governo cuja receita é não apenas aceitar acriticamente o receituário da troika, como num comportamento que nem os melhores médicos recomendam, aumentar a dose sempre que possível.
O que passou é passado. Importa olhar para o futuro e é difícil olhar para ele com esperança se não se conseguir perceber que a receita falhou e a cura tem que ser outra. A racionalização da despesa tem que ser forte e inteligente, mas ao mesmo tempo é preciso manter o investimento em áreas económicas fortemente criadoras de riqueza e emprego e dotar as famílias de recursos que dinamizem o consumo interno sem aumento do endividamento.
O doente está hoje por via da cura, mais doente do que quando a iniciou. Mais um motivo para não baixar os braços e exigir a mudança do tratamento. Atingimos um ponto em que ou as pessoas sentem sinais de melhoras ou podem esmorecer no seu empenho e perdidas as pessoas para o combate da recuperação económica perde-se tudo.
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