Fazer a Diferença
Portugal assumirá no primeiro trimestre de 2021 a Presidência da União Europeia. É a quarta vez que o faz em 34 anos de integração plena e globalmente bem-sucedida naUnião. Das presidências anteriores ficaram algumas marcas indeléveis, como a reforma da Politica Agrícola Comum em 1992, o lançamento da Estratégia de Lisboa em 2000, enquanto agenda de aposta no conhecimento, na tecnologia e na inovação para impulsionar o crescimento e o emprego e a assinatura do Tratado de Lisboa em 2007, desatando o nó institucional a que a UE tinha ficado amarrada depois do fracasso do projeto constitucional.
O nosso histórico, nas presidências e na diplomacia europeia e global ao longo da existência como nação independente e enquanto membros da União, faz elevar muito as expetativas em relação ao nosso desempenho. Confio fortemente na capacidade demonstrada de fazer pontes, gerar consensos e lutar por causas quando necessário, mas tenho ao mesmo tempo consciência de que a nossa próxima presidência será a mais complexa e incerta de todas as que já tivemos que exercer.
A pressão mediática e os desafios que cada um de nós tem que enfrentar no quotidiano torna difícil vencer a espuma dos dias e dar atenção a algo que “só” vai acontecer depois do Natal. No caso da presidência portuguesa da União, que está a ser ativamente preparada pelo Governo, vale a pena refletir quanto é importante que toda a sociedade contribua para o seu êxito, que a acontecer, será um êxito de todos nós, da União Europeia e também duma visão humanista e progressista do mundo e para o mundo em que vivemos.
Em larga medida devido ao impacto da pandemia nos timings de decisão e também na exigência da resposta, caber-nos-ão, entre outras prioridades, colocar no terreno os novos programas de recuperação e resiliência e o quadro plurianual de financiamento, gerir o Brexit com ou sem acordo, dar um novo impulso à transição digital, ao pacto ecológico europeu e ao pilar social incluindo a união da saúde, garantindo ao mesmo tempo a afirmação da União como potência multilateral com particular ênfase nas relações com África e lançar a Conferência sobre o Futuro da Europa.
Ficaram sem folego ao ler o parágrafo anterior? Imaginem como se sentirão os que vão ter que colocar tudo isto em prática. Vão precisar de uma mobilização geral da sociedade portuguesa e duma convergência estratégica das forças pró-europeias. Acredito e confio no potencial de uma mundividência que fomos construindo ao longo de quase um milénio. Mais uma vez, faremos a diferença.