O Estado do Mundo
2009/04/24 11:12
| Diário do Sul, Malha Larga
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Escrevo esta crónica em Istambul. Do meu quarto no 11º andar do Hotel Marmara vejo a Europa e a Ásia separadas pela magia do Bósforo e unidas por pontes elegantes e funcionais. Tenho ainda a cabeça cheia dos debates que ao longo do dia foram ocorrendo sobre o impacto da crise na economia mundial e em particular no tecido empresarial, cruzando contributos dos quatro continentes. Quatro continentes (com a excepção da Oceânia) que nas minhas andanças recentes pude visitar respondendo a convites para apresentar a experiência portuguesa do Plano Tecnológico como uma boa prática e uma referência para outros países que pretendem modernizar estruturalmente a sua economia e a sua sociedade.
Todas estas circunstâncias motivam-me para escrever alguns parágrafos exprimindo de forma breve a minha sensibilidade sobre o estado do mundo, escolhendo para isso duas linhas de análise; a “Obamomania” crescente e o sentimento de injustiça e de revolta com o modelo internacional de pagamentos. São coisas diferentes, mas muito ligadas, como tentarei explicar seguidamente.
A figura e a nova forma de comunicar de Obama, bem como a assertividade e a coragem dalgumas posições já tomadas, criaram um clima global de esperança num futuro melhor. Impressiona ver como Obama é hoje uma “marca” usada em todo o mundo, não apenas para exemplificar a emergência duma nova forma de fazer política, mas também para dar nome a lojas, produtos, locais! Já vi redes de quiosques, anúncios de empréstimos, novas receitas e até cocktails e bolachas com a marca Obama. Quando um nome é usado para vender locais ou bens de grande consumo isso revela uma grande cumplicidade emocional. Os especialistas de Marketing não brincam em serviço.
Mas ao mesmo tempo que esta esperança emocional se desenvolve, cresce também pelo mundo uma reacção mais racional de incompreensão pelo facto dos desequilíbrios económicos americanos estarem a secar recursos e capacidade de procura em todo o mundo, sobretudo pelo facto do dólar continuar a ser a grande moeda de reserva mundial e também porque o fraco crescimento da Europa não torna muito apetecível a alternativa Euro.
Com o reforço das instituições financeiras internacionais há cada vez mais gente a perguntar se não deveria haver um novo sistema monetário global baseado em reservas traduzidas numa moeda de referência que não fosse a moeda de nenhum País ou espaço económico integrado, mas uma moeda de compensação e sincronização das diversas economias territoriais. Essa aspiração, a concretizar-se, seria mais um passo na ambição dum mundo cada vez mais interdependente e portanto mais imune às rivalidades indutoras de desconfiança, injustiça e mesmo conflito.
Obama uniu o mundo (uma parte significativa dele para sermos mais correctos) numa nova esperança. Devemos aproveitar a oportunidade. O estado do mundo mostra que os povos estão disponíveis para cooperar nas respostas á crise. Mas os estados de espírito mudam depressa, sobretudo se nada suceder com impacto concreto na vida das pessoas.
O mundo está num estado de expectativa. Tanto pode evoluir para um modelo de convivência mais sustentável como degenerar em forte conflitualidade. Ajudar a concretizar o primeiro cenário é um desafio para todos nós.
Todas estas circunstâncias motivam-me para escrever alguns parágrafos exprimindo de forma breve a minha sensibilidade sobre o estado do mundo, escolhendo para isso duas linhas de análise; a “Obamomania” crescente e o sentimento de injustiça e de revolta com o modelo internacional de pagamentos. São coisas diferentes, mas muito ligadas, como tentarei explicar seguidamente.
A figura e a nova forma de comunicar de Obama, bem como a assertividade e a coragem dalgumas posições já tomadas, criaram um clima global de esperança num futuro melhor. Impressiona ver como Obama é hoje uma “marca” usada em todo o mundo, não apenas para exemplificar a emergência duma nova forma de fazer política, mas também para dar nome a lojas, produtos, locais! Já vi redes de quiosques, anúncios de empréstimos, novas receitas e até cocktails e bolachas com a marca Obama. Quando um nome é usado para vender locais ou bens de grande consumo isso revela uma grande cumplicidade emocional. Os especialistas de Marketing não brincam em serviço.
Mas ao mesmo tempo que esta esperança emocional se desenvolve, cresce também pelo mundo uma reacção mais racional de incompreensão pelo facto dos desequilíbrios económicos americanos estarem a secar recursos e capacidade de procura em todo o mundo, sobretudo pelo facto do dólar continuar a ser a grande moeda de reserva mundial e também porque o fraco crescimento da Europa não torna muito apetecível a alternativa Euro.
Com o reforço das instituições financeiras internacionais há cada vez mais gente a perguntar se não deveria haver um novo sistema monetário global baseado em reservas traduzidas numa moeda de referência que não fosse a moeda de nenhum País ou espaço económico integrado, mas uma moeda de compensação e sincronização das diversas economias territoriais. Essa aspiração, a concretizar-se, seria mais um passo na ambição dum mundo cada vez mais interdependente e portanto mais imune às rivalidades indutoras de desconfiança, injustiça e mesmo conflito.
Obama uniu o mundo (uma parte significativa dele para sermos mais correctos) numa nova esperança. Devemos aproveitar a oportunidade. O estado do mundo mostra que os povos estão disponíveis para cooperar nas respostas á crise. Mas os estados de espírito mudam depressa, sobretudo se nada suceder com impacto concreto na vida das pessoas.
O mundo está num estado de expectativa. Tanto pode evoluir para um modelo de convivência mais sustentável como degenerar em forte conflitualidade. Ajudar a concretizar o primeiro cenário é um desafio para todos nós.
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