Europeus - Valorizar o que nos une ?
2016/09/17 08:31
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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O debate sobre a União Europeia e o
seu futuro está ao rubro. O voto de maioritário pela saída do Reino Unido
expresso pelos eleitores britânicos e o crescimento dos movimentos populistas e
nacionalistas um pouco por toda a Europa coloca esta questão no topo da
atualidade.
É por isso muito importante conhecer
o que pensam os Europeus e quais as suas expetativas. Mais do que de grandes
proclamações, o futuro do projeto europeu depende das respostas que puderem ser
dadas a essas expectativas, desejos e ambições.
O Parlamento Europeu realizou esta
primavera dois Barómetros muito interessantes sobre o que pensam e querem os
europeus, usando como base os 28 países da União.
No estudo global sobre as
expetativas dos europeus, os mais velhos (idade superior a 55 anos) querem que
a UE tenha como prioridades a luta contra o terrorismo, contra a evasão fiscal,
a proteção das fronteiras externas, a agricultura e a política industrial. Já o
segmento dos europeus novos (entre os 15 e os 39 anos) dá prioridade ao combate
ao desemprego e à proteção ambiental. Quando se consideram questões de género,
as mulheres dão realce à saúde e à proteção social, enquanto os homens destacam
a política industrial e a política externa.
Um outro envolveu focou-se nos mais
jovens (neste caso com idades entre os 16 e os 30 anos) e visou identificar as
suas perceções sobre a realidade em que vivem no quadro da União. Como se
sentem inseridos na sociedade europeia e na sua sociedade nacional e como estão
abertos a tirar partido das oportunidades da pertença ao espaço alargado da
União.
A maioria dos jovens inquiridos tem
uma perceção de exclusão, ou seja, sentem que foram marginalizados das
oportunidades económicas e sociais nos seus países devido ao contexto de crise
prevalecente. Consideram também que as novas tecnologias podem favorecer a
participação democrática, sabem pouco e manifestam interesse em saber mais
sobre as Instituições Europeias e os seus programas e dão grande prioridade aos
temas ambientais e às alterações climáticas.
Uma fratura relevante identifica-se
entre os jovens que já viajaram ou estudaram fora dos seus países de origem e
os que não o fizeram. Os que têm experiencia de trabalhar, estudar ou
simplesmente viajar no espaço da União, estão mais abertos a repetir essas
práticas do que os outros, assumem o espaço da União como o seu território de
vida e de oportunidade.
A partir destes barómetros fica
clara a linha que a UE deveria seguir para reconquistar uma sólida maioria de
apoio ao seu projeto. Os europeus querem viver num espaço de livre circulação
mas seguro. Querem sentir-se informados e incluídos e exigem transparência e
justiça. Abraçam a modernidade mas valorizam o papel base da agricultura e da
política industrial. Querem um Estado Social funcional e uma economia capaz de
gerar oportunidades de emprego em particular para os mais jovens.
Dirão os leitores que estes dados
não surpreendem. Talvez não, mas tê-los bem presentes ajudará certamente todos
os que têm que decidir no espaço da União Europeia a não dispersar esforços e a
dar sentido a uma conclusão chave das análises. O que une os europeus ainda é
bem mais do que aquilo que os separa. Até quando?
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