A Prova dos Euros
2019/11/30 10:39
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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No dia 27 de novembro uma maioria expressiva doParlamento Europeu (PE) aprovou o programa e o colégio de Comissários proposto pela Presidente eleita Ursula Von der Leyen. Foi uma decisão importante num momento de grandes desafios para a União Europeia e para os Países que a integram, como é o caso das eleições no Reino Unido e as suas consequências no Brexit ou a Conferência do Clima (COP 25) transferida do Chile para Madrid.
O colégio de comissários e o programa aprovado resultam de um processo de escrutínio muito exigente. O plano de ação e a equipa proposta para o executar são o fruto de compromissos políticos assumidos com as forças pró-europeias. Ao contrário de programas anteriores em que as coligações prévias descaracterizaram as propostas em concreto, neste caso as prioridades dos vários grupos foram preservadas, excepto quando contraditórias, o que permitiu Inserir importantes pilares progressistas em domínios como o combate às alterações climáticas, a transição energética justa, a transição digital ao serviço das pessoas e da redução das desigualdades e a atenção dada às políticas de proximidade, convergência e coesão, que resultam de exigências concretas do Grupo dos Socialistas e Democratas (S@D) que me orgulho de integrar.
Verificou-se também uma consonância entre as prioridades e as pastas atribuídas aos comissários progressistas, de que são exemplo a atribuição da responsabilidade sobre o pacto ecológico (Green Deal) ao Vice-Presidente Frans Timmermans ou a atribuição da pasta dos fundos e das reformas, incluindo o fundo de transição justa, a Elisa Ferreira.
Não foi por isso de forma incondicional que os socialistas e social democratas europeus, incluindo os socialistas portugueses viabilizaram esta Comissão. Ao fazê-lo estávamos conscientes que a questão determinante para o seu sucesso é o financiamento. Para ser coerente com a ambição do seu programa, a nova Comissão tem que obter do Conselho Europeu, em articulação com o Parlamento, um QuadroPlurianual de Financiamento 2021 – 2027 que garanta a aposta conjugada na coesão, na convergência e na inovação.
Num contexto de fragmentação política, o PE mostrou que é a plataforma certa para um equilíbrio sustentável. A presidente da Comissão percebeu isso. Uma parte do Conselho, com destaque para António Costa, que reuniu com os Presidentes dos grupos políticos no PE nos dias anteriores à votação, também.Passada a prova dos votos a nova Comissão Europeia tem que passar a prova dos Euros. Não é impossível,mas vai exigir muito trabalho e lucidez política.
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