Pôr um Cravo (Na baioneta da Troika)
2013/04/13 15:13
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Aproxima-se mais um aniversário da manhã
gloriosa em que renascemos para a liberdade, mas nunca como agora foi tão
marcante o contraste entre o sol e a sombra na revolução de Abril.
De um lado brilha o sol supremo de
sermos livres. Do outro lado perdura a sombra soturna do desânimo que se
apoderou de um povo flagelado por políticas desenhadas nos gabinetes e nos
programas informáticos e em que as pessoas, as suas vidas e os seus sonhos não
fazem parte da equação.
Como podemos comemorar Abril apagando a
tristeza e dando uma oportunidade aos raios de sol que permanecem por detrás
das nuvens da insensibilidade?
Mais do que palavras e slogans,
precisamos de novas atitudes. Novas atitudes em cada um de nós, novas atitudes
exigidas a quem nos governa, novas atitudes perante quem nos subjuga e tutela.
Precisamos ter a grandeza de conseguir pôr um cravo na baioneta da Troika.
Portugal é uma nação milenar. Temos
enfrentado e vencido desafios enormes. Passámos muitos Adamastores. Somos
capazes de sendo sérios e assumindo os nossos compromissos, nos relacionarmos
em pé de igualdade com os povos nossos iguais. Propor caminhos nossos para
resolver a crise financeira que atravessamos. Dialogar, negociar, mas não
abdicar da nossa soberania. Não capitularmos para sermos respeitados.
Um governo que é em permanência
porta-voz de quem manda cortar e asfixiar a nossa economia e o nosso Estado
Social e não assume a defesa da voz de quem o elegeu é um governo que não é
digno de Abril. Que tem toda a legitimidade formal mas que perde todos os dias
legitimidade moral para nos conduzir nestes tempos difíceis.
Temos por isso que ser nós a fazer ouvir
a nossa voz. A levar as flores da esperança a quem nos aponta as armas do
empobrecimento. A marchar contra os canhões da opressão financeira, não com o
perjúrio do incumprimento, mas com a dignidade de quem quer outro caminho para
saldar as suas dívidas e recuperar a sua capacidade competitiva, cientes que como
aconteceu em Abril de 1974 a nossa libertação da irracionalidade duma Europa
sem solidariedade, será um sinal para a libertação de outros povos e para a
regeneração do próprio projeto humanista que constitui a matriz da União
Europeia.
Abril é atitude. Atitude é mobilização.
Mobilização é mudança. Vamos dar sentido a este novo Abril em Portugal. Cravos
ao alto. Lutar. Vencer.
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