Passos e o Paço (Sobre o Paço dos Henriques requalificado)
2016/09/11 08:35
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Pedro
Passos Coelho escolheu liderar a oposição através de um discurso de “advogado
do diabo”, anunciando as maiores catástrofes para o País, de que só estaríamos
a salvo, segundo ele, se a sua política de empobrecimento regenerador fosse
restaurada. O seu papel de advogado do mafarrico é tão assumido, que anunciou
mesmo a chegada do seu “cliente” a Portugal no início de Setembro!
Não
vou dizer que estava um “calor dos diabos”, mas a verdade é que foi debaixo de
um tórrido calor alentejano que a Vila das Alcáçovas saiu à rua no passado dia
4 de Setembro para festejar a inauguração do seu Paço dos Henriques
requalificado.
O
Paço dos Henriques, situado naquela bela vila alentejana do Distrito de Évora e
do Concelho de Viana do Alentejo é um lugar com enorme simbolismo na história
de Portugal e do mundo. Paço real desde o século XIV, nele veio a ocorrer um
conjunto de episódios que marcaram a era das descobertas na história de
Portugal.
Em
4 de Setembro de 1479, ou seja, 537 anos antes da cerimónia qua assinalou a sua
recente requalificação, no paço dos Henriques foi assinado o Tratado das
Alcáçovas, por muito considerado o primeiro passo da primeira globalização.
Nele foi também redigido em 1495 o testamento de D. João II, o rei estratega da
expansão marítima.
A
importância política do Tratado das Alcáçovas foi enorme por ter colocado fim a
uma disputa de sucessão no Reino de Castela e ter reconhecido diferentes zonas
de influência entre Portugal e Castela para o prosseguimento da expansão dos
dois reinos fora do espaço europeu. Por este motivo se associa o Tratado e o
Paço onde ele foi assinado, à paz e à globalização.
A
obra agora concluída resulta de uma parceria de vontades que englobou múltiplas
entidades. Destaco obviamente a vontade do povo das Alcáçovas e da sua Autarquia,
em particular do seu Presidente Bengalinha Pinto e da Presidente da Junta de
Freguesia Sara Pajote que souberam congregar esforços e motivar os decisores
regionais, nacionais e europeus, mobilizando os recursos financeiros e as
competências técnicas que tornaram possível concretizar o sonho.
Importante
agora é aproveitar todo o potencial do novo equipamento e de toda a sua
envolvente material e imaterial, inclui-lo nas rotas turísticas regionais,
criar representações a partir da história associada ao espaço permitindo atrair
muitos visitantes nacionais e estrangeiros e usar a infraestrutura para
reuniões, congressos e tudo o mais para que ela é apropriada.
Ao
contrário do empobrecimento preconizado por Passos e pela sua escola política,
o Alentejo ficou mais rico no início de Setembro. Mais rico de alma e
património e mais rico de potencial para um desenvolvimento harmonioso e
sustentável.
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