Aceleradores ( a dimensão política das novas tecnologias)
2016/02/28 10:40
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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As redes de
comunicação e acesso a dados são cada vez mais rápidas. Num momento em que
aqueles que no mundo estão conectados à sociedade da informação estão a
transitar da terceira para a quarta geração das redes móveis, já a comunidade
empresarial e científica anuncia com pompa e circunstância o advento da quinta
geração (5G).
Uma geração tecnológica que a Coreia do Sul ambiciona
instalar para os seus Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 e que o Japão anuncia
para os Jogos Olímpicos de Verão de 2020. Para amanhã portanto.
Quem hoje pode
aceder aos equipamentos e às redes mais evoluídas sabe como o espaço - tempo na
troca de dados se tornou exíguo e muitas vezes quase impercetível. A 5G quer ir
mais longe. Quer criar uma perceção de infinito. Uma fusão aparente entre
presente e futuro. O triunfo do agora no acesso aos dados disponíveis.
Capacidades de 10 Giga por segundo e tempos de resposta de um milissegundo.
A física tem vindo a descobrir cada vez mais sobre a origem e a dinâmica do Universo. Uma das técnicas mais usadas e a aceleração das partículas permitindo estudar o comportamento e a textura dos mais ínfimos componentes da matéria e a partir daí lançar as bases para reconfigurar essa dinâmica criando novos materiais ou desenvolvendo novas capacidades de intervenção médica, para citar apenas dos exemplos.
A física tem vindo a descobrir cada vez mais sobre a origem e a dinâmica do Universo. Uma das técnicas mais usadas e a aceleração das partículas permitindo estudar o comportamento e a textura dos mais ínfimos componentes da matéria e a partir daí lançar as bases para reconfigurar essa dinâmica criando novos materiais ou desenvolvendo novas capacidades de intervenção médica, para citar apenas dos exemplos.
Na mesma linha os
aceleradores de informação vão permitir reconfigurar a forma como se organiza a
nossa sociedade, até porque os dados só são informação quando ganham
significado e o significado pode ser replicado mas é uma competência original
dos indivíduos.
A Ciência nunca
foi neutra em relação à política. Os seus resultados servem para fazer o bem e
para fazer o mal e a história está cheia de exemplos das duas utilizações.
Tenho cada vez mais consciência que estando agora no Parlamento Europeu em duas
comissões com dimensão técnica, cobrindo a indústria, a investigação, a
energia, o ambiente, a saúde e a segurança alimentar, a sua importância
política não é menor do que as comissões mais ligadas às relações externas ou
às liberdades, direitos e garantias.
Tudo está ligado
com tudo. Os valores embebidos nos novos desenvolvimentos tecnológicos serão
determinantes para a qualidade e a equidade da sociedade que emergirá quando
cair a pele deste mundo amarrado à especulação financeira e à extrema
desigualdade.
Por isso aposto em
fazer sobreviver nos novos avanços técnico-científicos o que vai restando da
matriz humanista europeia. Combato pela definição de uma identidade digital.
Quero colocar a dimensão tecnológica nos tratados comerciais que vão desenhando
a nova globalização, como fiz ainda recentemente ao propor que os acordos em
relação às redes de quinta geração sejam uma alavanca para retirar do impasse
as negociações comerciais entre a União Europeia e os países do Mercosul, a
partir de um acordo bilateral assinado entre a EU e o Brasil.
Não nos podemos
resignar ao mundo iníquo e desigual em que vivemos. Não podemos retroceder.
Temos que cavalgar a onda do progresso para fazermos o mundo melhor.
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