Visto de Casa 25/03

Nas últimas décadas a humanidade fez enormes progressos científicos. Tão grandes que autores conceituados como Yuval Noah Hariri popularizaram a ideia de Homo Deus como o sucessor do Homo Sapiens e alguns laboratórios de ponta começaram a anunciar a possibilidade científica da imortalidade.

O coronavírus trouxe de volta à finitude os mais afoitos. Forçou-nos a ser humildes, mas não desistentes.  Temos que usar o enorme arsenal de conhecimento de que dispomos para vencer a pandemia.

À medida que os dias passam vai-se compreendendo que a quebra das cadeias de transmissão é por agora o melhor antídoto à progressão do vírus.

Estratégias relaxadas como a de Donald Trumprevelaram-se um embuste que a democracia americana está a começar a tentar contrariar. Foi também a democracia e os seus valores que travaram estratégias de seleção e imunização coletiva como a tentada por Boris Johnson no Reino Unido, com alguma fundamentação científica, mas com custos estimados, em perdas de vidas, socialmente inaceitáveis. E o que se passa nas não democracias? Quando a onda da pandemia passar valerá a pena estar atento ao tsunami político que se seguirá.

Já que entrei pelo território das ideias convêm desmistificar a ideia de que a globalização é a grande causadora desta catástrofe humanitária. Esta não é a primeira grande pandemia que assola a humanidade. As dos séculos anteriores espalharam-se mais lentamente, mas tiveram impactos brutais e demoraram anos até à irradicação. Mataram em percentagem muito mais gente do que é expectável esta matar. A globalização e a maior facilidade de circulação de pessoas, bens e serviços criaram as condições para que tudo tenha acontecido mais rápido, mas também vão criar oportunidades para que tudo possa acabar mais depressa. O problema não é a globalização, mas o que decidimos fazer com ela.  

A maior facilidade de circulação de serviços, bens e pessoas pelo mundo enraizou hábitos que agora temos que conseguir contrariar. É o caso das festivas e merecidas visitas à terra dos nossos emigrantes. Portugal, país de diáspora, deve-lhes muito. Agora é um tempo de aumentar a dívida, pedindo-lhes que segurem a vontade de abraçar os seus entes queridos e revisitar a sua terra por algumas semanas. Se conseguirmos virar o tabuleiro e derrotar o surto, teremos um enorme verão de festas e romarias para nos vingarmos.  

O surto pela nossa terra vai fazendo o seu caminho, com taxas dentro do previsto nos intervalos de contenção, mas progredindo cada vez mais na comunidade. Por isso se passou à fase de mitigação. As pessoas têm cumprido as regras e as taxas de aprovação das decisões institucionais são um excelente sinal. Vamos conseguir.

No entanto o desafio será cada dia mais duro enquantonão invertermos a tendência, o que se espera ocorra apenas daqui a semanas e enquanto não começarmos a ver inversão de tendência na morbilidade assustadora que está a ocorrer nalguns países nossos vizinhos.Temos que ser fortes, realistas e rigorosos. Até amanhã, com muita saúde para todos.  
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