O Canto do Álvaro
2012/12/15 20:35
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Álvaro Santos Pereira foi o Ministro da Economia mais efémero da democracia portuguesa. Chegado do Canadá deslocou-se ao Ministério das Finanças aproximadamente 48 horas depois da posse, tendo lá ficado refém e às ordens de Vitor Gaspar até hoje (salvo prova em contrário).
Nas últimas semanas no entanto têm corrido pelo País rumores de que o Ministro escapara do cativeiro. Ideias interessantes sobre a fiscalidade para atrair mais investimento estrangeiro e sobre uma nova industrialização foram-lhe atribuídas por diversas fontes.
Alguns jornais económicos internacionais admitiram pela primeira vez que Portugal tinha Ministro da Economia e jornais nacionais reproduziram da boca do titular palavras proibidas e conceitos desprezados pelo centro do Governo, como crescimento e até emprego.
Não tardou a reacção. Passos, Gaspar e Cristas dispararam a um só tempo contra a sombra do putativo reempossado. Que crescer polui disse Assunção, esquecendo que a inovação limpa é o novo desafio para o crescimento sustentável. Que a Europa não deixa e a Alemanha muito menos juntou Gaspar. Que não é para já porque ainda não empobrecemos o suficiente acrescentou Coelho.
No momento em que escrevo estas linhas as opiniões dividem-se sobre se Alvaro continua cativo ou anda livre na multidão. Por vezes imagino-o pela baixa pombalina vestido de Pai Natal a oferecer Pasteis de Nata a quem comprar produtos nacionais para colocar na chaminé.
Por mim, que nunca me coibi de criticar a ausência de Álvaro embora desconfiando do seu paradeiro, a sua eventual fuga é uma boa notícia. Da mesma forma um novo encarceramento significará o fim de qualquer esperança na capacidade deste governo para gerar riqueza e criar condições de vida dignas neste País.
O canto do Álvaro será (provavelmente já foi) o canto do Cisne deste governo.
PS: Hoje é véspera de Natal. Um Natal diferente e um natal sobrevivente. Bento XVI deu um novo sentido à ideia de que Natal é todos os dias e sempre que um Homem quiser ao quebrar certezas quanto à data do nascimento de Jesus de Nazaré. Não é fácil encontrar palavras que substituam as coisas que tantos que seguem estas crónicas desejam. Emprego, segurança, saúde, alegria de viver. Só encontro uma sugestão. Experimente renascer. Acolha os magos com alegria. Confronte os vendilhões do templo. Seja feliz.
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