Padrões Autárquicos

 Estão marcadas para 26 de setembro as décimas terceiras eleições autárquicas após a restauração democrática de 25 de abril de 1974.  308 municípios vão escolher as mulheres e os homens que tomarão em mãos os seus destinos. Será mais uma edição da festa da democracia de proximidade, que espero possa motivar elevadas taxas de participação, mesmo sabendo que parte significativa da abstenção se deve a distorções dos registos e à resistência que tem havido à modernização dos sistemas de exercício do direito de voto.  

 

Sem nunca esconder a minha filiação partidária, em nome da qual já exerci aliás vários mandatos autárquicos, designadamente nas Assembleias Municipais de Évora e de Montemor-o-Novo, não é meu timbre usar este espaço para considerações que vão para além do apelo à participação cidadã e ao exercício de um direito que constitui uma das mais emblemáticas conquistas de Abril. 

 

No dia 26 de setembro os eleitores terão muito por onde escolher, entre partidos mais ou menos tradicionais, novos partidos e movimentos que cobrirão na generalidade dos Municípios todo o espectro ideológico, mesmo sabendo que a componente ideológica e programática, em eleições autárquicas, tem que ser matizada pelas realidades locais e pela crescente personalização das escolhas.

 

Ao logo da minha já longa experiência de exercício de mandatos de representação política, muitas vezes em funções com ligação direta ao trabalho das autarquias, aprendi a identificar dois padrões de referência em torno dos quais se distribuem depois múltiplas ações de malha mais fina. 

 

De um lado temos as equipas autárquicas que colocam em primeiro lugar a resolução dos problemas dos Munícipes, assumindo riscos, aceitando novas competências, ambicionando sempre mais e melhor, promovendo o seu território e as parcerias que o beneficiem e tentando atrair novas gentes, iniciativas e investimentos. 

 

Do outro lado temos as equipas que dão prioridade a encontrarem uma boa razão para não agirem, não aceitarem desafios, riscos ou novas competências, atribuindo a culpa do que corre mal a terceiros, procurando que as coisas não mudem muito para consolidar o poder instalado e dificultando a instalação de gente nova e as iniciativas e investimentos que não controlam.

 

Claro que estes padrões estão simplificados e extremados e de alguma forma construídos como uma caricatura. No entanto, o leitor facilmente poderá aplicar a matriz aos diferentes executivos municipais e decidir em liberdade, para escolher o futuro que deseja para si, para os seus e para a sua terra.  

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