A Galinha dos Ovos de Ouro
2012/10/27 19:26
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Passos Coelho e Vitor Gaspar devem ter lido a maioria dos contos e das histórias infantis que vão passando a sabedoria, a ética e a moral dos tempos e das sociedades, de geração em geração. Um desses contos, e certamente um dos mais marcantes, é a história da galinha dos ovos de ouro, um galináceo que começando a pôr ovos de ouro, foi barbaramente esventrado pelo seu ávido dono que os quis todos de uma vez, por não conseguir aguardar o ritmo natural da postura.
Claro está que uma vez esventrada, a Galinha não deu nem mais um pio nem pôs mais um ovo, fosse ele de ouro ou como os ovos das outras galinhas. É assim que muitos de nós aprendemos a útil máxima de vida que nos ensina que “quem tudo quer tudo perde”.
Se Passos Coelho e Vitor Gaspar escutaram dos seus pais ou mestres ou leram aos seus filhos a história da galinha dos Ovos de Ouro deviam agora meditar bem nela e refletir na sua moral.
A bomba atómica fiscal que lançaram sobre os bolsos dos portugueses e sobre as tesourarias das empresas é um exemplo de quem quer tudo e por tudo querer pode também tudo perder.
O empobrecimento acelerado da nossa economia pode funcionar nos pérfidos modelos matemáticos de Passos e Gaspar mas na realidade terão que se confrontar com uma crua realidade.
Muitas famílias e muitas empresas estão a atingir o limite da não solvabilidade e da não liquidez e quando não puderem pagar não pagarão. Os activos serão dívidas incobráveis e os ovos de ouro que agora tanto os aliciam ficarão “estrelados” em menos de um piscar de olho.
A história da galinha dos ovos de ouro era uma boa história para Passos e Gaspar mandarem traduzir para alemão e oferecerem no próximo natal à chancelarina Merkel e aos seus falcões financeiros.
Na versão inglesa poderia também ser lida em passagens pelo primeiro-ministro nos Conselhos Europeus quando não tivesse nada para dizer, como ao que sabemos acontece bastas vezes. Em espanhol ajudaria a preencher as cimeiras onde estalajadeiros da mesma linhagem falam linguagens deveras diferentes. Em francês poderia ser arremessada a Hollande quando este ousasse defender Portugal.
E dito isto e já que somos nós a galinha, guardemos os ovos o melhor que pudermos e salvemos a pele dos avícolas experimentalistas, pois depois dos tempos vêm outros tempos e tempos outros virão em que a alquimia do futuro se voltará a conciliar com a esperança, o progresso, a inovação e a confiança.
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