Mobilidade Inteligente
2016/01/17 10:50
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Lembro-me que na minha juventude os motores a gasóleo eram sobretudo
associados aos ambientes fabris e aos transportes pesados. Pouco a pouco, a
resiliência desses motores e a fiscalidade favorável, foi fazendo com que
também nos transportes ligeiros de passageiros e de mercadorias, os motores a
gasóleo fossem conquistando cada vez mais espaço. Em resposta a essa procura
crescente, a indústria automóvel europeia tornou-se líder global nessas
motorizações.
Há alguns meses, o sucesso da indústria europeia nas motorizações a gasóleo
“colidiu” frontalmente com a preocupação crescente na Europa e no mundo com a
redução de emissões poluentes, com a qualidade do ar, com a redução do
aquecimento global e com o bem-estar das pessoas. Cálculos fundamentados
alertam-nos para a morte prematura de quase meio milhão de pessoas e para um
custo direto de aproximadamente mil milhões de euros em cada ano devido à
poluição do ar que respiramos na União Europeia.
Esta colisão foi ainda mais grave por resultar de um processo de
ocultação. Ao que se sabe, cerca de 11 milhões de veículos do Grupo Volkswagem
foram equipados com “software” que permitiu reduzir artificialmente as emissões
de óxidos de azoto nos testes de conformidade.
As instituições europeias foram rápidas em exigir ao Grupo Vokswagem
que assuma todos os custos da fraude. Os custos de reputação para a marca e
para a indústria europeia foram enormes. Impõe-se agora uma ação ponderada e
eficaz, que apure responsabilidades, mitigue efeitos e previna repetições de
situações similares no futuro.
O Parlamento Europeu decidiu criar uma Comissão de Inquérito ao
processo. Os Governos Nacionais (Conselho), pelo seu lado, decidiram propor a
introdução de testes de emissões em contextos de condução real, mas ao mesmo
tempo adotaram uma margem de tolerância de 110% até 2017 e 50% até 2020 devido
à alegada imprecisão dos instrumentos de medição em contextos variáveis. Em
reação, a Comissão de Ambiente do Parlamento Europeu, que integro, saudou a
introdução dos testes em contexto real, mas aprovou por larga maioria uma objeção
à margem de erro permitida.
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