Os Vampiros
2014/09/21 10:14
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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A União Europeia recebeu com o referendo
escocês em que a proposta secessionista assustou e teve uma votação
significativa, mais um sério aviso da insustentabilidade do caminho que está a
percorrer. Nos últimos meses os avisos têm sido sucessivos, mas as respostas
têm sido pífias.
O programa de ação de Juncker deixou
esperanças de mudança mas a atribuição das pastas aos diferentes comissários e
sobretudo a incerteza sobre a estrutura de funcionamento têm lançado algumas
nuvens negras sobre o futuro. Ainda anda muita poeira no ar e é cedo para
antevê que instituições teremos quando ela assentar.
A Comissão Europeia continua em funções com os comissários
cessantes, ao mesmo tempo que se desenvolvem os procedimentos para avaliar a
nova equipa.
Com a discussão centrada
nos nomes e nas pastas, tem escapado a muita gente a principal alteração da
proposta de Juncker. Não é uma alteração de nomes, mas uma alteração de
estrutura com a criação de Vice- Presidentes que tutelam agregados de Comissários.
Numa interpretação flexível dos tratados (só a interpretação flexível do Tratado orçamental parece ser pecado) a Comissão Juncker tem a estrutura típica de um Governo, com um Primeiro-ministro, Seis ministros e 21 Secretários de Estado.
Perante o bloqueio das instituições, foi derrubado o castelo para construir uma solução mais aberta e transversal. A questão é nem todos os demolidores têm as mesmas ideias sobre a transversalidade da reconstrução e é precisa uma atenção redobrada às zonas de ninguém, porque como todos sabemos a política tem horror ao vazio.
Mais dia, menos dia, os grandes países vão reivindicar os
Ministérios e alguns Secretários de Estado tenderão a furar já neste colégio as
barreiras e a aceder diretamente ao topo, como será o caso óbvio dos
Comissários Francês e Alemão.
Estejamos pois atentos à Poeira. Juncker, Renzi, Draghi ou
Frederica Moguerini acendem luzes de esperança sobre o futuro da Europa. Mas os
vampiros da austeridade ainda estão bem vivos. Só aguardam uma fraqueza. Não
lha podemos conceder.
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