BRICS +
Os BRICS (Grupo geopolítico informal que reúne o Brasil, a Rússia, a India, a China e a Africa do Sul) realizaram na ultima semana de agosto a sua 15ª cimeira anual emJohannesburg, Capital da África do Sul. A cimeira foi mediatizada sobretudo pela hipótese de Putin poder ou não participar sem ser detido, tendo em conta os compromissos da África do Sul com o Tribunal Penal Internacional (TPI). O ditador russo fez-se representar.
Com Putin à distância, a cimeira realizada em África por cinco países que representam mais de um quarto da criação de riqueza global no planeta, num momento em que o Continente é palco de profundas movimentações geopolíticas, focou-se em três temas chave. O seu potencial alargamento, o reequilíbrio dos termos de troca internacionais baseados no Dólar e a promoção de uma rede multipolar dissuasora do retorno aos tempos da guerra fria e ao mundo de blocos.
Os três temas estão profundamente interligados. Cerca de quarenta países de diferentes matizes e geografias anunciaram interesse em aderir ao grupo, reforçando em rede o seu peso nas negociações económicas e políticas globais. China e Rússia defenderam um alargamento forte, enquanto a India e Brasil puxaram pelo foco e pela complementaridade com os G7 e os G20 e pela articulação com a banca de desenvolvimento e com as várias organizações da ONU. A solução de compromisso somou mais seis Países ao clube (Argentina, Irão, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emiratos Árabes Unidos), tornando os “BRICS +” mais globais e diversos.
A complexidade do que está subjacente a este movimento é enorme. A sua diversidade, peso e ambição só os levará a bom porto, se conseguir conjugar mais peso económico e político, com um mais forte compromisso com valores globalmente partilhados. Neste contexto a União Europeia pode ser um elo importante de uma ordem multipolar baseada nos valores básicos e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, cujas metas são determinantes para o futuro de toda a humanidade.
Sem quebrar a sua relação de parceria para a segurança no quadro do Atlântico Norte, nem perder foco na solução prioritária da agressão Russa à Ucrânia, a União Europeia pode e deve apoiar uma rede alargada que dê mais protagonismo aos atores políticos emergentes que aceitem os valores da liberdade, da dignidade e da soberania, com especial relevância para África, hoje muito sub-representada nos fóruns internacionais.
Em Joanesburgo traçaram-se contributos para uma nova ordem global. Os BRICS são agora 11, muito diferentes entre si. Que a liberdade suplante o ódio, nos BRICS e no mundo.