Visto de Casa 24/03
2020/04/10 18:21
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Nos últimos dias têm sido muitos os pássaros que têm vindo pousar e cantar na pérgula do meu quintal. Porquê agora? Suponho que não será de agora. Eu é que andava distraído com a pressão da agenda e dos afazeres e não tinha atenção suficiente para os ver nem para os ouvir. Espero que depois de passar este tempo de confinamento forçado, guardemos todos uma capacidade maior para apreciar a beleza das coisas simples.
Somos um povo solidário nas horas difíceis. Solidariedade com os que nos são próximos, com os que mais precisam, com os que tomam a linha da frente nos combates mais duros. De forma cautelosa, mas rápida, aprendendo com experiências recentes que deixaram traumas, a sociedade portuguesa está a fazer crescer a onda de generosidade para juntos podermos vencer a pandemia.
Direcionar bem essa onda é muito importante. Apoiar os mais idosos respeitando todas as regras e auxiliar os que ficam sem recursos de vida digna e não são abrangidos de forma suficiente pelas medidas públicas é uma forma de envolvimento e de compromisso que honra quem o faz e ajuda a comunidade.
Já refleti neste diário efémero sobre a minha empatia aprisionada. Tem que ser. Todos os dias telefono aos mais idosos da família (categoria para que caminho a passos largos) mas nunca mais estive perto deles. Sei que nem todos os que me leem podem ser tão radicais. É preciso bom senso. Mas estar longe sem deixar de estar perto é o melhor que podemos fazer neste momento pelos que mais amamos.
Outras formas de ajudar estão a ser praticadas. Doar ventiladores e tudo aquilo que os hospitais e os profissionais de saúde e de outras funçõesfundamentais para manter a sociedade viva nos pedem, de acordo com o que nos pedem, é uma forma elevada de altruísmo. As instituições estão a fazer o melhor que podem. Em muitos casos não é a questão financeira que se coloca. É o acesso ao mercado. A competição por instrumentos e produtos é muito dura. Estarmos muitos no “mercado” ajuda a conseguir para todos o que cada um de nós pode precisar.
Mas mesmo em situação de emergência e grande risco não vale tudo. Os especuladores têm que ser denunciados e fortemente penalizados. O egoísmo deve ser contido. Uma máquina a mais num sítio pode ser um morto a mais noutro. Somos todos pessoas.
Em Portugal estamos a caminho do pico. Quanto mais depressa o ultrapassarmos mais depressa regressaremos aos dias comuns, espero que com mais capacidade de ver neles os pássaros que não víamosantes. Até amanhã. Com muita saúde para todos.
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