Tarde ou Cedo?
2010/10/05 20:10
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Ninguém colocado num registo de Estado e de defesa do interesse nacional tem posto em causa a necessidade e até a pertinência das medidas de controlo do deficit público anunciadas pelo governo, face à inusitada pressão especulativa dos mercados financeiros internacionais.
A dúvida legítima que alguns enunciam centra-se no tempo da decisão. Deveriam estas medidas ter sido tomadas mais cedo? Foi este o timing adequado? Podiam ter sido adiadas a ver onde paravam as movimentações e até onde seriam capazes de ir os predadores?
Também não tenho certezas. Adiar não seria sensato tendo em conta a desproporção das forças em presença. Mas teria sido melhor antecipar?
A observação do que aconteceu noutros Países leva-me a pensar que o risco de termos sido forçados a este movimento restritivo mesmo que tivéssemos tomado medidas duras há alguns meses se revela como um risco com elevada probabilidade.
Nesse caso teríamos tido uma duplicação da pressão recessiva. Sendo assim talvez tenha sido melhor escolher este momento e não outro para anunciar e implementar o pacote de controlo forçado do deficit público.
Por outro lado, havendo alguns sinais de recuperação da economia global, poderá ser agora mais fácil amortecer o efeito de contracção da economia nacional com o aumento das exportações do que teria sido há alguns meses atrás. Esse é outro argumento a favor deste tempo de decisão.
Há um terceiro factor que merece uma análise mista. O efeito surpresa teve a vantagem de não levar o mercado interno e as empresas a antecipar e logo a agravar o efeito recessivo, mas não foi saudável para a credibilidade das mensagens políticas e para a confiança que por elas devem ser induzidas.
Terá sido o custo de confiança um preço justo a pagar pelos ganhos de oportunidade que enunciei?
Tudo visto e ponderado acho que sim, sobretudo porque nada seria suficiente para compensar o choque de credibilidade, irresponsabilidade e instabilidade provocado pelo comportamento errático do PSD, seja qual for a posição que vier a assumir na votação do Orçamento Geral do Estado.
Tarde ou cedo? Há argumentos válidos para os dois lados. Estas medidas poderiam já ter sido tomadas mas também se colhem benefícios potenciais do momento escolhido.
Dúvida é que já não prevalece em relação ao timing do PSD para assumir um compromisso de Estado com o futuro do País e com a sua capacidade de enfrentar os desafios da crise internacional.
Aplica-se ao PSD a ideia de que mais vale tarde do que nunca. A afirmação do PSD como partido responsável e aliado do interesse nacional já só pode fazer-se tarde ou nunca. Cedo ou no tempo certo já não se fará, porque ainda não se fez.
A dúvida legítima que alguns enunciam centra-se no tempo da decisão. Deveriam estas medidas ter sido tomadas mais cedo? Foi este o timing adequado? Podiam ter sido adiadas a ver onde paravam as movimentações e até onde seriam capazes de ir os predadores?
Também não tenho certezas. Adiar não seria sensato tendo em conta a desproporção das forças em presença. Mas teria sido melhor antecipar?
A observação do que aconteceu noutros Países leva-me a pensar que o risco de termos sido forçados a este movimento restritivo mesmo que tivéssemos tomado medidas duras há alguns meses se revela como um risco com elevada probabilidade.
Nesse caso teríamos tido uma duplicação da pressão recessiva. Sendo assim talvez tenha sido melhor escolher este momento e não outro para anunciar e implementar o pacote de controlo forçado do deficit público.
Por outro lado, havendo alguns sinais de recuperação da economia global, poderá ser agora mais fácil amortecer o efeito de contracção da economia nacional com o aumento das exportações do que teria sido há alguns meses atrás. Esse é outro argumento a favor deste tempo de decisão.
Há um terceiro factor que merece uma análise mista. O efeito surpresa teve a vantagem de não levar o mercado interno e as empresas a antecipar e logo a agravar o efeito recessivo, mas não foi saudável para a credibilidade das mensagens políticas e para a confiança que por elas devem ser induzidas.
Terá sido o custo de confiança um preço justo a pagar pelos ganhos de oportunidade que enunciei?
Tudo visto e ponderado acho que sim, sobretudo porque nada seria suficiente para compensar o choque de credibilidade, irresponsabilidade e instabilidade provocado pelo comportamento errático do PSD, seja qual for a posição que vier a assumir na votação do Orçamento Geral do Estado.
Tarde ou cedo? Há argumentos válidos para os dois lados. Estas medidas poderiam já ter sido tomadas mas também se colhem benefícios potenciais do momento escolhido.
Dúvida é que já não prevalece em relação ao timing do PSD para assumir um compromisso de Estado com o futuro do País e com a sua capacidade de enfrentar os desafios da crise internacional.
Aplica-se ao PSD a ideia de que mais vale tarde do que nunca. A afirmação do PSD como partido responsável e aliado do interesse nacional já só pode fazer-se tarde ou nunca. Cedo ou no tempo certo já não se fará, porque ainda não se fez.
Do meu ponto de vista o 'timing' foi o do Presidente da República. Em Maio ele podia ajudar a fazer cair o governo, mas agora já não pode. Mas os verdadeiros políticos são aqueles que escolhem o 'timing' certo e aí Socrates não brincou em serviço.
Abraço
António Nabo